Jornal defensor da valorização de Aveiro e da Região das Beiras
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“O fascínio do ensino é a discussão, a construção da argumentação”


Terça, 24 de Julho de 2018
gralmente”, afirma. Por isso, na sua perspectiva, “o fascínio do ensino é a discussão, a construção da argumentação”. Graça Magalhães é doutorada pela Universidade de Avei­ro. Licenciou-se em Pintura, pela Escola Superior de Belas Artes do Porto. De 1987 a 1990, foi bolseira do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Fundação Calouste Gulbenkian, em Roma e Florença. De 1990 a 1993, foi bolseira do Ministério da Educação do Japão, realizando o mestrado na Tama Bijutsu Daigaku, em Tóquio. Em 1995, estagiou no Departamento de Arqueologia e História de Arte da Universidade de Louvain-la-Neuve. De 1993 a 2000, trabalhou para a Universidade Católica Portuguesa, no Porto, no projecto de instalação da Escola das Artes. Participou em congressos nacionais e internacionais e em publicações académicas, no âmbito de desenho e imagem e expôs em Portugal, no Japão e na Coreia do Sul. Diário de Aveiro: Como define um bom professor? Graça Magalhães: A pergunta, sendo abrangente, parece-me de difícil resposta, no entanto, diria que o que mais define um bom professor é a generosida­de. Desde logo, sinónimo de disponibilidade, largueza… Nu­ma época (a nossa), onde já não podemos escolher os desejados “mestres” (a proximidade de alguém que nos faria desejar ser como eles), o desígnio do professor será o de estar disponível, suscitar interesses, compatibili­zar desejos. Porque me refiro, sobretudo, a um professor que ensina “a” e “através” da prática, trata-se, fundamentalmente, de rentabilizar a experiência. Ou seja, se eu ensino algo que conheço (pelo menos, até certo ponto...), estudei e pratico, essa matéria deve ser compatível com aquilo que o aluno mantém como expectável. Em última análise, trata-se sempre do mesmo..., de sermos aptos a comunicar, na “medida” justa, harmonizando o discurso, suscitando empatia, ajudando a que se revelem desejos. O que mais a fascina no ensino? A plena consciência da passagem do tempo. Cada ano que passa, a curiosidade de me sentir mais velha com a chegada de alunos que serão cada vez mais novos. O que implica estar cada vez mais envolvida pela experiência. O “barómetro” – para usar uma expressão muito do nosso tempo... – é determinado pela quantificação da alegria com que trabalhamos! Um dos factores que fomentam essa alegria é a diferenciação. Tenho sorte, porque o que ensino, partindo da acção (do fazer), é determinado pela subjectividade (o ser individual que cada um é). Ensinar a desenhar ou ensinar artes visuais é, antes de mais, ensinar a ver e a primeira condição é que, cada visão, por muito que aspire a ser explícita e universal, nunca o será integralmente. Porque nun­ca nenhum de nós poderá ver, em absoluto, com os olhos do outro. Por isso, o fascínio do ensino é a discussão, a construção da argumentação.
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