Arthittaya Kunadoi, umas das amigas de escola de seis das crianças resgatadas da gruta na Tailândia, disse hoje à Lusa que está ansiosa por lhes “dar um abraço” e “conforto” quando regressarem, recuperados e de boa saúde.
Com a ajuda de uma colega que fala inglês, a rapariga de 15 anos explicou que o desfecho feliz de terça-feira a deixou “muito contente e agradecida”, depois de dias de incerteza quanto à sobrevivência dos amigos.
Arthittaya Kunadoi é uma das estudantes na Maesaiprasitsart School, que tem 2.827 alunos, e falou como 'porta-voz' do grupo de amigos. Dois deles, “tomaram notas durante as aulas, só para serem entregues a eles quando voltarem”, frisou, corroborando as palavras de um responsável da escola que disse esta manhã à Lusa estar em preparação um plano de estudos especial para os alunos. “Temos em elaboração um programa especial de recuperação das actividades escolares que ajude esses alunos nos estudos” e “estamos a preparar uma recepção de boas-vindas com a ajuda dos estudantes, dos professores e dos funcionários”, disse Mongkorchai Khochom. “Estou muito feliz pelo desfecho”, mas foi “difícil gerir o interesse e a ansiedade dos alunos” durante os 18 dias que passaram, desde que os colegas ficaram presos numa gruta em Mae Sai, acrescentou o assistente do director.
Os estudantes estão a criar cartões com todo o tipo de mensagens de encorajamento para serem entregues aos amigos que deixaram de aparecer na escola desde 23 de Junho e que podem ainda necessitar de tratamento médico mais prolongado, em resultado das extremas condições que viveram no interior do complexo subterrâneo, a quatro quilómetros da entrada da gruta. “É claro que cheguei a pensar que podia não os ver mais, mas tentei concentrar-me apenas em pensamentos positivos”, sublinhou a estudante, Arthittaya Kunadoi.
Já o assistente do director, Mongkorchai Khochom, afirmou que “sempre acreditou num final feliz”, confiante no facto de serem atletas, "corajosos, pacientes e obedientes" à liderança do treinador da equipa de futebol (Wild Boars).
Na terça-feira à noite, ao terceiro dia das operações de resgate na gruta, o salvamento das 12 crianças e do treinador de futebol suscitou imediatas reacções à escala mundial, com vários líderes internacionais a celebrarem o feito.
O grupo ficou preso numa gruta durante 18 dias, metade dos quais sem acesso a água potável e a comida. Os 12 rapazes, entre os 11 e os 16 anos, e o treinador, de 25, foram explorar a gruta depois de um jogo de futebol no dia 23 de Junho. Na altura, as inundações resultantes das monções bloquearam-lhes a saída e impediram que as equipas de resgate os encontrassem durante nove dias, uma vez que o acesso ao local só era possível via mergulho através de túneis escuros e estreitos, cheios de água turva e correntes fortes.
Nas operações de socorro participaram 90 mergulhadores, 40 tailandeses e 50 estrangeiros.
O local onde os jovens ficaram presos estava localizado a cerca de quatro quilómetros da entrada da gruta, num complexo de túneis com zonas muito estreitas e alagadas pelas chuvas da monção que afectaram a zona, o que obrigou a que parte do percurso tivesse que ser feito debaixo de água e sem visibilidade.