Morreu Manuel Madaíl, antigo presidente da Junta de Aradas

Manuel Madail, antigo presidente da Junta de Freguesia de Aradas, empresário e benemérito, faleceu na noite passada. Tinha 85 anos, 25 dos quais passados a dirigir aquela freguesia do concelho de Aveiro. Foi o primeiro presidente da Junta eleito democraticamente em Aradas, no sufrágio realizado a 12 de Dezembro de 1976 – tomou posse em 1977 e só abandonou o cargo em 2002, sempre eleito pelo CDS. Com a sua morte, a Junta decretou três dias de luto na freguesia e a Câmara um dia de luto municipal, a cumprir hoje, data do funeral. O antigo autarca morreu poucos dias depois de a Junta de Freguesia de Aradas, no final de Maio, lhe ter prestado uma homenagem baptizando o salão nobre da sede com o seu nome. Manuel Madaíl foi também a primeira personalidade a ser distinguida, em 2011, com a atribuição da mais alta condecoração de Aradas (a Medalha de Honra), no âmbito das comemorações do 175.º aniversário da fundação da freguesia. Manuel Madaíl foi uma figura marcante. Quando lhe foi atribuída a Medalha de Honra, a Junta considerou-o mesmo a personalidade de Aradas “a quem a freguesia maiores e mais relevantes serviços deve”. Presidiu àquela autarquia de 1977 a 2002, tendo um extenso currículo político, empresarial ou associativo. Como empresário foi, de acordo com a Junta, “um dos maiores empregadores” locais, tendo sido, noutro âmbito, presidente da Assembleia Geral do Futebol Clube do Bonsucesso e tendo estado ligado à criação de colectividades como a Associação Cultural de Aradas, o Grupo Recreativo, Etnográfico e Folclórico de Aradas e o Coral de S. Pedro de Aradas. Esteve igualmente muito ligado ao Beira-Mar, tendo sido presidente da Direcção e da Assembleia Geral do clube. Como benemérito, mandou construir e oferecer um lar à paróquia, a que deu o nome da sua falecida mulher, Amélia Madaíl, que morreu em Abril de 2008. Nesse empreendimento, Manuel Madaíl investiu cerca de 1,5 milhões de euros, dotando Aradas com um equipamento até então inexistente na freguesia (lar, centro de dia e apoio domiciliário). Profissionalmente, foi um empresário ligado ao sector da cerâmica, nomeadamente na Primagera, fundada em 1974. “Pessoa rara” Catarina Barreto, actual presidente da Junta de Aradas, exprimiu “enorme pesar e sentimento profundo de tristeza”, destacando o seu percurso empresarial e em áreas como a cultura, o desporto e a benemerência – neste último campo realça, além do Lar Amélia Madaíl, os diversos “apoios privados que ficam em segredo”. Esta autarquia decretou três dias de luto da freguesia, entre ontem e amanhã; cancelou ainda o Festival Aradas +, que iria conhecer a sua primeira edição este fim-de-semana. A Câmara de Aveiro decidiu estabelecer um dia de luto municipal. “Era um homem extraordinário, um grande aveirense”, sublinhou o presidente da autarquia, Ribau Esteves, realçando os seus papéis de “benemérito”, de “grande empresário e empregador” e de autarca. “Era uma pessoa rara. Teve uma vida longa e boa e foi uma figura marcante e incontornável de Aveiro”, descreveu. O CDS-PP de Aveiro emitiu uma nota de pesar, lamentando “profundamente a morte de Manuel Madaíl, considerando tratar-se de uma perda irreparável para Aveiro”. “Inclinamo-nos, pois, perante a memória de alguém que serviu Aradas e Aveiro com apego raro”, acrescenta o partido no mesmo comunicado. Fernando Paiva de Castro, presidente da Associação Industrial do Distrito de Aveiro, lamentou, também, o desaparecimento do empresário aveirense. “É uma perda importante. Fará falta como empresário e como alguém que se dedicou à causa pública”, afirmou ao Diário de Aveiro. Funeral é hoje Manuel Simões Madaíl morreu no Hospital da Luz, em Aveiro. Residia na Rua Tenente Manuel Malaquias de Oliveira, no Bonsucesso, e era viúvo de Maria Amélia Marinheira Caetano Madaíl. O seu funeral realiza-se hoje, pelas 15 horas, na Capela Mortuária da Igreja Paroquial de Aradas, seguindo, depois, para o cemitério local, onde será sepultado.