Jornal defensor da valorização de Aveiro e da Região das Beiras
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“A música leva-me para um sítio em que me esqueço de onde estou”


Adérito Esteves (foto de Vera Marmelo) Quinta, 24 de Maio de 2018

Rui Carvalho formou-se em arqueologia, mas, de há sete anos para cá, é na guitarra que faz as suas descobertas. E ao terceiro disco, volta a mostrar que é um prodigioso. Filho da Mãe. Escolheu a ilustração de uma alforreca na capa de um álbum ao qual chamou “Água-Má” - um dos nomes dado àquelas criaturas marinha -, e quem o escuta facilmente o imagina cheio de braços a puxar pelas cordas da guitarra. Isto, depois de ter sido a guitarra a puxar por ele desde muito cedo. Rui Carvalho acha que começou a tocar “mais a sério” por volta dos 11 anos, influenciado pelo pai, um auto-didacta das guitarras, que chegou a integrar uma banda. Mas essa foi apenas a primeira ligação ao mundo das guitarras, de um homem que é casado com Cláudia Guerreiro, baixista dos Linda Martini, e que, a dada altura da sua vida, percebeu que estava mais dentro do universo musical do que imaginava. “Quase todos os meus amigos são músicos. A minha vida e as minhas amizades estiveram sempre muito relacionados com a música”, assume, numa conversa mantida com o nosso jornal a cerca de uma semana de apresentar o seu novo álbum no Teatro Aveirense. O concerto é hoje (21.30 horas), mas antes disso, tem a oportunidade de conhecer um pouco melhor este Filho da Mãe. Diário de Aveiro: Tendo em conta todas as ligações que mantém desde sempre com o mundo da música, a passagem da arqueologia para os palcos foi algo natural? Filho da Mãe: Sim. Eu fazia as duas coisas, mas houve um ponto em que decidi fazer uma paragem na arqueologia e pensei ser apenas músico durante uns três meses. Só que esses três meses já se transformaram em sete anos. A parte de me habituar à ideia de que só tocava guitarra foi gradual, apesar de a passagem ter sido pensada na altura mais como uma boia de salvamento. Para tirar a minha cabeça daquilo em que estava na altura e preocupar-me só com a música. E sente saudades da arqueologia ou é mais feliz sendo apenas músico? Eu procuro fazer tudo em prol da felicidade, só que não percebo é nada disso. Não faço a mínima ideia, mas acho que sou mais feliz, sim. Porque aquilo que faço é profundamente honesto. Sinto que a minha cabeça está mais virada para isso. Agora, sinto muitas saudades da arqueologia. Talvez menos da parte intelectual, que era a única que me interessava quando estava em arqueologia e da qual estou um bocado afastado. Agora, talvez por ser músico, sinto muito a falta da parte sensorial. Dos cheiros, do toque da terra… Eu escavava muito em gruta que tem um ambiente muito particular do qual sinto muita falta. Mas não sinto muita vontade de voltar atrás.

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