O presidente da Câmara Municipal da Murtosa, Joaquim Baptista, demonstra optimismo moderado quanto à programada dragagem da Ria.
Diário de Aveiro: Começando pelas últimas eleições Autárquicas: esperava um resultado tão avassalador?
Joaquim Baptista: Não estava à espera. É que face às expectativas que tinha para o mandato, houve algumas matérias que não se concretizaram. Independentemente de haver temas que não dependem apenas da nossa vontade, eu tinha a expectativa de me apresentar às eleições com um trabalho feito mais consequente. Foi essa a minha avaliação e que transmiti no contexto do partido: antes de me legitimar perante as pessoas eu tinha que o fazer perante mim mesmo. E o balanço relativamente ao mandato não ia tão longe como foi o resultado eleitoral. À semelhança do que aconteceu na minha primeira eleição, soma-se algum mérito do nosso projecto com algum demérito das outras candidaturas. Acho também que as outras forças partidárias estão a guardar algumas pessoas para um ciclo político que venha a seguir a mim. A Murtosa foi o único município do país que repetiu exactamente os mesmos candidatos de há quatro anos atrás.
Esse resultado traz-lhe alguma responsabilidade especial?
Cria-me alguma expectativa e responsabilidade para os quatro anos. E, entretanto, já passaram seis meses, porque a partir do primeiro dia sinto que é menos tempo que fica para resolver o que temos pela frente. Não me costumo queixar do que ganho nem da responsabilidade que tenho. Em democracia, ninguém me obrigou a vir para cá. São estas as regras e eu aceitei-as. Amanhã, se não quiser mais, não me candidato. Há coisas que são injustiças, como por exemplo a conotação negativa que a população confere ao exercício da política, porque se alimenta a ideia que o autarca é um indivíduo cheio de esquemas, corrupto e mal-intencionado. Um pouco a imagem do que se passa no Brasil e se transporta para Portugal. Aliás, isso afasta muitas pessoas do exercício das funções públicas.
Há alguma forma que possa ajudar a resolver esse problema?
Eu não defendo um sistema partidarizado, defendo antes um sistema politizado, que é uma coisa diferente e se baseia em discutir políticas públicas sem camisolas partidárias vestidas. Acho que há pessoas válidas que se podiam envolver nos processos autárquicos mas que não o fazem porque não querem ser partidariamente rotulados.
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