Iniciativas religiosas associadas ao catolicismo nas escolas públicas são ainda encaradas com normalidade pela maioria, mas nem sempre geram concordância, sobretudo, tratando-se de crianças de famílias que pertençam a outras religiões.
A recente visita do Bispo de Aveiro a uma escola do concelho causou, por exemplo, “desconforto” a Carlos e Sílvia Gomes, pais de uma menina de nove anos e sacerdotes da religião afro-brasileira Umbanda. Segundo contam, não foram informados de que o líder religioso iria ser recebido por toda a comunidade escolar, mas entendem que deveriam ter sido. “O Agrupamento de Escolas concordou com a visita e criou um programa para esse dia dentro dos parâmetros católicos, mas os pais não foram contactados. Só soube pela minha filha que estavam a ensaiar uma música para receber o Bispo”, contou Carlos Gomes.
Os dirigentes do terreiro Umbanda Tenda de Oxossy, em Esgueira, Aveiro, consideram “pouco ético estarem a fazer uma homenagem numa instituição de ensino onde existem crianças de várias religiões”.
Contactado pelo Diário de Aveiro, o director do Agrupamento de Escolas de Aveiro, em que se insere o estabelecimento que frequenta a filha de Sílvia e Carlos Gomes, garantiu que a instituição faz um esforço para respeitar a pluralidade religiosa.
Também Paulo Rosa, pastor da Assembleia de Deus de Aveiro e pai de duas meninas, de sete e oito anos, admite que, por vezes, se depara com situações que o deixam “desconfortável” no que respeita a iniciativas desenvolvidas na escola que as crianças frequentam. “Percebemos, às vezes, que a escola não é tão laica como diz ser e aqui vive-se a tradição dominante, o catolicismo romano, de uma forma muito intensa”, diz, sem rodeios, o representante daquela organização religiosa.
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