Aquele anúncio está no princípio de tudo. É ele que traz o desafio, difícil, percebe-se à partida, mas que provoca um fervilhar difícil de controlar, apesar do texto simples, cru e sem grande contextualização. “Procuram-se homens para viagem perigosa. Salário baixo, frio extremo, meses de completa escuridão, perigo constante. Não se assegura o regresso. Honra e reconhecimento em caso de êxito”. Mas para cada 10 pessoas que viram aqui algo a evitar, houve uma que quis saber mais. E foram mais de 4.000 aqueles que responderam ao anúncio publicado por Ernest Shackleton, em 1914, num jornal londrino.
É verdade que nem todos embarcaram na tal “viagem perigosa” prometida no anúncio e que mais não era do que uma expedição que tinha como objectivo chegar ao Pólo Sul. Mas se hoje o detalhe daquele anúncio é conhecida, é um sinal de que a história se encarregou de eternizá-lo e tornar o caso de Shackleton num exemplo de superação até aos dias de hoje.
De tal forma que (voltamos ao início) aquele anúncio está no princípio da aventura que seis alunos da Universidade de Aveiro (UA) vão viver entre 24 de Fevereiro e 4 de Março, por zonas de deserto e montanha de Marrocos, com um objectivo principal em mente: deixar um rasto de sorrisos. Esse, no fundo, é o principal objectivo do Uniraid cujos organizadores - os tais que se inspiraram na história de Sir Shackleton - definem como não sendo apenas “uma prova motorizada, que é”, nem só “uma aventura espectacular, que é”, ou somente “um projecto solidário, que também é”.
“O Uniraid é uma forma de fomentar valores como o empreendedorismo, a motivação, o trabalho de equipa, a gestão de recursos e o esforço [dos estudantes], pilares para se triunfar no mundo laboral onde vão entrar”, escuta-se num vídeo do projecto.
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