Jornal defensor da valorização de Aveiro e da Região das Beiras
Fundador: 
Adriano Lucas (1925-2011)
Diretor: 
Adriano Callé Lucas

“Está a nascer em Angola algo que esteve desaparecido durante muitos anos: a esperança”


Adérito Esteves (texto) e Ricardo Carvalhal (foto) Sexta, 24 de Novembro de 2017
Em Junho de 2015, 17 activistas eram presos em Angola, acusados de “actos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores”. Numa acção entendida por muitos como política – uma vez que se tratava de opositores do presidente José Eduardo dos Santos –, os olhos da comunidade internacional começaram a voltar-se mais atentamente pa­ra o que se passava na antiga colónia portuguesa quando Lu­aty Beirão, um rapper luso-angolano, decidiu entrar em greve de fome, em protesto contra o tratamento que era dado aos prisioneiros. Durante 37 dias, Luaty Beirão deu o corpo à cau­sa e, com isso, garantiu apoio e solidariedade de vários pontos do país, incluindo Portugal. Mais de um ano depois de ser libertado, e num momento em que o seu país começa a mostrar indícios de mudanças, o activista esteve em Aveiro a participar na tertúlia “Pode uma canção fazer uma revolução?”, juntamente com Pedro Abrunhosa, e, no final, sentou-se a conversar com o nosso jornal. Assumindo que algumas decisões tomadas por João Lourenço nestes primeiros meses de governação são surpreendentes e bons sinais para o futuro, o activista reconhece que se vive “um compreensível estado de euforia”. O próprio Luaty, em determinados momentos da conversa parece tentar lutar contra essa euforia. Porque apesar da esperança que se lhe percebe no discurso, a desconfiança não desaparece. Diário de Aveiro: Como está a viver o momento que se vive, actualmente, em Angola? Luaty Beirão: Eu arrisco dizer que a maior parte dos angolanos está num compreensível estado de euforia. Porque a forma célere como se estão a operar as pequeninas transformações tem um grande impacto. Nós crescemos num ambiente em que não havia espaço para quem pensa diferente ou para quem tem opinião. Não há espaço na imprensa... não havia espaço nenhum. Basicamente, era tudo controlado e estrangulado. E em alguns dias, isto ainda pode ser uma ilusão, mas há pequenos avanços que têm sido dados. Sinais que eram pequenos até à exoneração da Isabel dos Santos ou até ao afastamento da Bromangol do controlo da qualidade dos produtos importados. Mas mesmo só os outros sinais eram importantes porque nós nunca tínhamos tido nada do género. Tudo está a ser novidade. Sim. Porque por mais que reclamássemos e pedíssemos, nunca tínhamos visto esta abertura e vontade de promover a ideia de que isto é possível. E de repente, há alguém que fez parte do regime e do aparelho de Estado durante tantos anos, que não tem ficha limpa, e cuja expectativa que criava estava muito abaixo daquilo que ele fez até agora. Esse factor surpresa galvaniza as pessoas, o que é compreensível. Obviamente que devemos manter prudência e não perder de vista o que é realmente importante, os resultados, mas esses também não vêm do dia para a noite. Então, esta abertura da imprensa, este sinal de que, doravante, não se vai tolerar aqueles que prevariquem contra o bem público, é muito importante.
Leia a notícia completa na edição em papel.

Suplementos


Edição de Hoje, Jornal, Jornais, Notícia, Diário de Coimbra, Diário de Aveiro, Diário de Leiria, Diário de Viseu