Jornal defensor da valorização de Aveiro e da Região das Beiras
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“Sou a pessoa que pode viajar pelo mundo com a voz da Amália”


Adérito Esteves (texto) e Fernando Resendes (fotografia) Quinta, 23 de Novembro de 2017
A oitava edição do Sons em Trânsito (SET) – Festival de Músicas do Mundo, arrancou na segunda-feira e, conforme indica o nome, promete trazer o “mundo” a Aveiro. E esse mun­do que chega das latitudes mais díspares do globo – mais de uma dezena de países de quatro continentes – vem também de Portugal. É que no piano de Júlio Resende o fado é o fim de tudo – apesar de o princípio poder deambular por outras paragens, conforme nos confessa o artista numa conversa mantida por telefone -, e, como se sabe, desde 2011 que o fado deixou de ser só português. Ele é “Património Cultural Imaterial da Humanidade”, conforme definiu a UNESCO. E neste caso nem é só o fado, revisitado por um homem do jazz, que faz do improviso a sua partitura, que nos traz o mundo através da música. O próprio Júlio Resende enquanto músico já se tornou património do mundo, como o nosso jornal percebeu, também pelo facto de nos ter sido pedido que deixássemos terminar uma entrevista que estava a ser dada para uma rádio japonesa. Coisa de gente do mundo, está bom de ver. E gente do mundo que ansiava por este SET, conforme nos confidenciou. “Estou muito feliz por ir escutar outros artistas que não conheço, como o Jorge Draxler, de quem já ouvi falar muito bem e que toca na mesma noite que eu [sexta-feira]. E penso ir mais cedo para escutar outros artistas e para conhecer essas diferenças. É que eu gosto mais de ouvir do que tocar. Gosto muito de tocar, mas gosto ainda mais de ouvir”, revelou no final da entrevista. Nós também gostamos mais de ouvir, ainda para mais, as respostas que nos foram dadas por um artista que consegue a proeza, por exemplo, de devolver a voz de Amália a todo o mundo. Mas essa é apenas uma das características deste concerto que visita “Amália por Júlio Resende”, e nós quisemos saber mais. Diário de Aveiro: Actua na sexta-feira no SET e, sendo o único artista nacional, tem a responsabilidade de trazer Portugal a um festival com muito exotismo. Como está a lidar com isso? Júlio Resende: Acho que exotismo é uma boa palavra. Mas qualquer cultura que não seja a nossa pode acabar por ser um bocadinho exótica e será bom mostrar às pessoas de outras culturas que nós também sabemos ser exóticos. Nes­te caso, o exotismo musical que mais se conhece de Portu­gal é o fado, género do qual eu sempre gostei e que há alguns anos pus no meu instrumento, o piano. Ten­to fazê-lo à minha maneira e, cada um de nós, também acaba por ser um pouco exótico para os outros. Por isso, espero que a minha maneira seja um bocadinho diferente da forma co­mo os outros pensam o fado ou o escutam. Mas o meu propósito que é que isto seja pessoal e um pouco mais livre, com espaço para as improvisações.
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