Por “vergonha” não procurou ajuda... que tarda em aparecer

Durante os últimos 40 anos, Acidália Santos teve “vergonha” de mostrar as condições em que vive, numa casa onde criou os seus cinco filhos. Quem vê por fora aquela moradia em Santa Joana nota a falta de pintura, mas não imagina como a casa está por dentro. Há pouco mais de três meses, uma amiga de Acidália cansou-se de ver as condições em que a sexagenária (sobre)vive e contactou o Diário de Aveiro em busca de ajuda. O nosso jornal entrou na referida casa e conheceu a realidade em que habita Acidália Santos: nas paredes onde a fuligem não tapa os tijolos, são esses que se vêem; nas divisões onde o chão não é em terra vê-se cimento sobre ela; a luz che­ga a quase todas as divisões através de um emaranhado de fios ligados a algumas extensões penduradas em improvisados apoios num corredor. Este era o cenário há três meses, momento em que a Junta de Freguesia de Santa Joana (JFSJ) e a Câmara Municipal de Aveiro (CMA) tiveram conhecimento da situação, através da notícia do Diário de Aveiro. “Sempre tive vergonha de falar das condições em que vivia”, assume a mulher de 68 anos para justificar o facto de nunca ter procurado ajuda. O resultado dessa “vergonha” é que, há mais de quatro décadas, Acidália Santos vive numa habitação inacabada, tendo pas­sado por situações bastante extremas. “Chegou a chover-me em toda a casa quando o tecto abateu, e ainda agora não tenho ratos, mas já vivi com ratos a correrem por todo o lado”, aponta. Três meses depois, o nosso jornal voltou à casa da mulher que tem uma reforma de pouco de 300 euros e recebe também o complemento solidário para idosos, e o cenário manteve-se exactamente igual ao registado na primeira visita.