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Incêndios/Pedrógão Grande: “Já se ouvem alguns passarinhos”


Texto: Helena Amaro / Foto: Luís Filipe Coito Terça, 27 de Junho de 2017

á se passaram 10 dias, mas Georgina Carvalho ainda não consegue dormir e mal se alimenta. Está difícil regressar à rotina. Opta por ficar sentada à sombra de uma das casas que se salvaram das chamas na aldeia de Pobrais, concelho de Pedrógão Grande. O seu olhar divide-se entre a casa dos pais que ardeu, a paisagem negra à sua volta e o chão, para onde leva as suas lamentações.
“Sofro o luto deles todos. No sábado, foram os últimos funerais. Todos os dias, eram quatro ou cinco sepultados. É uma tristeza”, desabafou ontem, ao nosso jornal. 
À pergunta ‘conseguiu salvar a sua casa’, responde, com a voz embargada: “Consegui salvar-me a mim e a minha canita”. A casa dos pais, que servia agora para armazenar lenha e palha, foi reduzida a cinzas. Entre um soluço e outro, lá vai dizendo acreditar que os filhos a possam recuperar, mas para Georgina Carvalho, de 77 anos, o tempo não vai ser ‘amigo’. 
“Estou triste. Está difícil. Não consigo dormir. Não consigo alimentar-me como deve de ser. Esta paisagem era tão bonita, e agora…. É muito triste”, disse.
“Estive aqui desde o primeiro momento até ao último. Na nossa cabeça ainda não deu para pensar em nada. A vida já estava difícil. Agora, sem nada, vai ser pior”, apontou.
Segura de que a tristeza irá acompanhá-la o resto da vida, Georgina Carvalho também acredita que a população irá erguer-se e recuperar as suas vidas, mas será um processo lento e doloroso. “Já se ouvem alguns passarinhos. Há uns dias não se ouviam”, relatou.

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