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“É uma história bonita para contar”


Pedro Emanuel conduziu a Briosa à vitória na Taça de Portugal, que bateu o Sporting com um golo de Marinho Sábado, 20 de Maio de 2017

No dia em que faz cinco anos que a Académica conquistou a segunda Taça de Portugal da sua história, o treinador Pedro Emanuel recorda a vitória no Jamor frente ao Sporting por uma bola a zero, bem como todo o trajecto de uma temporada em que os estudantes viveram momentos complicados mas acabaram em glória.

Diário de Coimbra Que memórias guarda do dia 20 de Maio de 2012?

Pedro Emanuel As recordações só podem ser as melhores. Primeiro porque foi o meu ano de estreia enquanto treinador principal e, por isso, um sabor especial a vitória numa competição tão emblemática como a Taça de Portugal. E em segundo, após 72 anos a gran­de Briosa voltou a vencer a competição frente a um adversário sempre forte como é o Sporting.

Foi o primeiro troféu que conquistou na sua carreira a treinar uma equipa sénior. É um momento inesquecível?

Sendo o primeiro troféu enquanto treinador principal é lógico que deixa marca e lembranças muito positivas desde o trajecto até à final. Foi uma conquista após uma semana de grandes definições. Primeiro o triunfo sobre o V. Guimarães e o final do campeonato com um primeiro objectivo conseguido e de seguida uma vitória tão significativa numa instituição tão rica em história mas com poucas conquistas tão importantes  como uma Taça de Portugal. 

Nessa época, desde a primeira hora, assumiu como objectivo a conquista da Taça de Portugal. O que o levou a sentir que era possível?

A Taça de Portugal é uma prova especial no panorama nacional e, por isso, o alimentar desse sonho fez parte do projecto de uma equipa que teve mérito, qualidade e humildade para ultrapassar todos os obstáculos até à conquista final. Por isso, desde o início, o sonho de ganhar a competição esteve sempre presente e bem vivo no nosso trajecto.

A força dos adeptos da Académica foi inequívoca nesse dia. Foi o despertar de um “gigante adormecido”?

Foi uma surpresa para mim a afluência para a final, mas já tinha começado após a eliminação do FC Porto. Os adeptos começaram a acreditar que podia ser possível essa conquista histórica e por isso nunca mais nos abandonaram e o seu apoio, não só na final, foi fantástico, bastante reconfortante e encorajador. Muita da conquista se deveu ao entusiasmo transmitido pelos adeptos na nossa caminhada. Os adeptos da Académica têm de apoiar sempre a equipa como o fizeram nessas duas semanas fabulosas de grandes decisões no campeonato e na taça.

Há alguma história sobre esses dias que ainda não tenha sido contada e possa partilhar nas páginas do Diário de Coimbra?

Todos os momentos foram especiais, pois o brilho de orgulho na Académica irradiava diariamente na cidade e referir um só episódio será demasiado redutor para definir um momento tão especial na história de um
clube especial no panorama nacional. É o clube que porventura mais simpatia cativa no país de Norte a Sul com as ilhas incluídas.

Essa foi uma época em que a equipa depois de uma boa primeira volta chegou a estar 16 jogos sem ganhar, mas nas últimas três semanas ganhou dois jogos para o campeonato e conquistou a Taça de Portugal. Foi do inferno ao céu?

Se analisarmos as coisas dessa maneira podemos até achar incrível, mas se virmos o que se passou na realidade até Janeiro e depois do mercado de Janeiro, naturalmente se percebe que o clube fez negócios importantes para a sua sobrevivência e bem estar financeiro (vendas de Sissoko e Berger). Além disso, o Éder que estava a fazer uma época fantástica deixou de jogar por lesão, o Habib Pape Sow lesionou-se e deixou de jogar a partir de Março e numa equipa que luta para se manter e sem tantas opções acaba por fazer mossa. Contudo, o grande espírito de grupo e a capacidade de superação fizeram a diferença nos momentos cruciais da época e a equipa acabou como merecia, com mérito, dedicação e orgulho de todos.

De que se lembra do lote de jogadores que orientava nessa época de 2011/2012? Três deles (Cédric, Adrien Silva e Éder) até foram campeões europeus em 2016 por Portugal…

Sem dúvida que a qualidade individual influencia qualquer equipa, mas o trabalho de equipa prevaleceu sempre, mesmo nos momentos mais complicados. Um forte espírito de equipa, capacidade de trabalho de todos - mesmo desses com qualidade acima da média que se superaram -, ambição de crescer e ganhar levaram esses jogadores e essa equipa a fazer história num clube emblemático do nosso país. Foram   momentos individuais relevantes para conquistas colectivas inesquecíveis. Quero realçar a humildade de um grupo de trabalho que subiu muito rápido e com mérito no inicio da época, que desceu ao inferno (após o jogo em Alvalade contra o Sporting ficou abaixo da linha de água) e conseguiu unir-se para acabar em grande. Individualmente soube tirar grande proveito da época feita (Adrien e Cédric voltaram ao Sporting, Éder seguiu para o Sp. Braga, Habib Pape Sow foi para o Panathinaikos, Abdoulaye regressou ao FC Porto, David Simão foi para o Marítimo na Liga Europa, etc).

Por tudo isto, a Académica foi um clube que o marcou?

Jamais poderei esquecer a Académica, pois para além de me ter proporcionado a estreia na I Liga enquanto treinador principal, proporcionou-me muito mais, que foi a aprendizagem e crescimento constante e logicamente o sucesso conseguido. Não posso esquecer a conquista histórica que nos unirá para sempre, por isso, e concluindo: a minha ligação à Académica será eterna e um orgulho por juntos termos uma história bonita para contar.

https://www.diariocoimbra.pt/noticia/19460

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