A poucas horas da chegada do Papa Francisco a Fátima, a ansiedade começa a tomar conta dos peregrinos, sobretudo para saber que mensagem vai transmitir na Cova da Iria.
“Vemos o Papa sempre na televisão, por isso, não estamos ansiosas por vê-lo, mas por saber o que é que ele nos vai dizer”, afirma Isilda Rosário.
Isilda Rosário chegou ontem, integrada no grupo de 100 pessoas ‘Caminhar do Sul – Alcácer do Sal’. É a sua nona peregrinação a pé, mas nem por isso a bagagem espiritual se torna mais leve. “Trouxe pedidos da família, dos amigos e de colegas de trabalho. Quando cheguei, entreguei-os todos a Nossa Senhora. Agora, Nossa Senhora fará o que poder”, conta esta peregrina de 65 anos ao nosso jornal, confessando existirem “momentos difíceis” durante a caminhada, que precisam de “momentos de reflexão”.
Resguardada do vento numa zona lateral do santuário, Isilda Rosário vai cantando trechos da música que as acompanhou ontem à tarde, quando entraram no recinto. “Chegámos a cantar alentejano a Nossa Senhora do Carmo”, salienta.
Há 15 anos que o grupo de Alcácer do Sal se faz à estrada, nove já foram acompanhados por Ilda Rosário.
Perto do altar, junto às grades de segurança, encontramos a família de António Júlio. Pai com 54 anos, mãe e um dos quatro filhos chegaram esta manhã a Fátima, vindos de Setúbal. Enquanto estende o saco-cama no chão e procura dar algum conforto a um espaço que irá ocupar até amanhã, António Júlio confessa estar com “grande expectativa” em relação à chegada do Papa, “na esperança de saber” o que irá dizer o Sumo Pontífice em Fátima.
“Estamos felizes por estar aqui. Já vínhamos mesmo sem saber que o Papa vinha, mas depois de sabermos da visita e da canonização quisemos mesmo estar presentes. Aguardamos com contentamento e serenidade a sua chegada”, afirma António Júlio.
Abraços, lágrimas e sorrisos marcaram a chegada, esta manhã, de um grupo de 35 pessoas de Alverca. Partiram na terça-feira. Em Fátima, dão graças pela viagem de fé que cumpriram e pela vida que Nossa Senhora lhes proporciona. “Queixamo-nos demasiado para aquilo que na realidade temos”, conta Hélder Ferreira. Este peregrino de 37 anos, há cinco anos que peregrina a pé até Fátima. Este ano, a peregrinação é especial, com a presença do Papa, um “outsider”, como lhe chama. “Vale por tudo aquilo que transmite. É uma peça fora da caixa, fora da doutrina mais ecléctica, mas também a origem dele é mais do povo do que de outras classes”, considera.
A meio da manhã de hoje, a moldura humana no recinto do santuário começava a compor-se. Todos procuram um lugar para assistir ao início das cerimónias do Centenário das Aparições.
FOTO: Luís Filipe Coito
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