Os líderes da União Europeia encontram-se hoje em La Valetta para uma cimeira informal na qual abordarão a imigração ilegal no Mediterrâneo e continuarão a debater, já sem Reino Unido na sala, o futuro da União a 27. A cimeira informal de Malta, na qual Portugal estará representado pelo primeiro-ministro António Costa, começará com uma discussão sobre as medidas a tomar para travar os fluxos migratórios no Mediterrâneo central, que passou a ser o principal “corredor” de imigração ilegal desde o norte de África até à Europa, incluindo de refugiados da Síria.
Os 28 deverão sublinhar a necessidade de uma cooperação mais próxima com os países do Magrebe, designadamente a Líbia, sendo provável que a UE anuncie um aumento da ajuda às autoridades líbias – muito enfraquecidas actualmente, e não só politicamente -, sobretudo com vista à formação e capacitação da guarda costeira daquele país. Depois de um almoço de trabalho, durante o qual os 28 discutirão “a situação internacional” e “outros desafios internacionais”, os trabalhos serão retomados mas já só a 27, sem a primeira-ministra britânica, Theresa May, um figurino que já tem vindo a ser utilizado desde o referendo que ditou o ‘Brexit’, a saída do Reino Unido da UE, precisamente para discutir “o futuro da União”.
Este debate, iniciado no ano passado numa cimeira informal em Bratislava, constitui também a preparação para a celebração do 60.º aniversário dos Tratados de Roma, a ter lugar a 25 de Março na capital italiana, e na qual os chefes de Estado e de Governo da UE se propõem adoptar uma estratégia comum e ambiciosa do bloco europeu para os próximos anos.
Um tema incontornável na discussão sobre o futuro da UE será a relação com os Estados Unidos à luz da eleição de Donald Trump, que o próprio presidente do Conselho Europeu, numa carta enviada aos chefes de Estado e de Governo, classifica como uma das "ameaças" com que a UE se confronta actualmente. Segundo Donald Tusk “a mudança em Washington coloca a União Europeia numa situação muito difícil, com a nova administração (de Donald Trump) a parecer colocar em causa os últimos 70 anos de política externa norte-americana”, esperando-se que os líderes da UE manifestem hoje o seu forte descontentamento com recentes decisões da Casa Branca, com destaque para a interdição de entrada nos Estados Unidos de cidadãos de sete países muçulmanos.