Jornal defensor da valorização de Aveiro e da Região das Beiras
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Descobrir com os dedos o que os olhos não vêem


Quinta, 05 de Janeiro de 2017
Franklin Coelho nasceu cego e, desde sempre, aprendeu a “ver” com os dedos (e com a imaginação) o que nunca pôde ver com os olhos. Ontem, Dia Mundial do Braille, este homem, que nunca se deixou abater pela limitação física e chegou a ser embalador e funcionário numa fábrica de marroquinaria, ficou a conhecer o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha e as peças do Centro Interpretativo, numa visita especial. Mais uma vez, apelou ao sentido que mais o tem ajudado a perceber o que o rodeia e com as explicações de Ângela Alves, que conduziu a visita, e o apoio do guia em Braille, Franklin, e um grupo de utentes da ACAPO (Associação de cegos e Amblíopes de Portugal) descobriram alguns dos hábitos das clarissas. «Elas eram muito cheirosas», revelou Ângela Alves, enquanto passava de mão em mão o que resta de um pequeno frasco de perfume. Pelos dedos de cada um passou também um prato com brasão utilizado, em tempos, pelas freiras. Para trás, ficava o dragão, esculpido em pedra de Ançã. «É uma peça muito bonita, apelo à vossa imaginação», adiantava Ângela Alves. Por momentos, todos exploraram a peça e, rapidamente, perceberam que a figura tinha uma coleira com umas bolas, que, ficaram a saber, simbolizam os pecados mortais.
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