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Pedro Dias entregou-se ontem após 28 dias a monte


João Luís Campos Quarta, 09 de Novembro de 2016
Suspeito de dois homicídios, o homem mais procurado do país entregou-se voluntariamente. Momentos antes negou os crimes e justificou a fuga com o receio de ser “abatido” Pedro Dias entregou-se ontem à Polícia Judiciária após 28 dias a monte. Quatro semanas depois das duas mortes em Aguiar da Beira, o suspeito dos dois homicídios decidiu colocar um ponto final nesta fuga que diz ter protagonizado por temer pela sua própria vida. Passavam cerca de 20 minutos das 21 horas quando Mónica Quintela, defensora de Pedro Dias, ligou ao director nacional da Polícia Judiciária, Almeida Rodrigues, para lhe anunciar a intenção de entregar o suspeito. Pouco antes das 22 horas, dois inspectores da Polícia Judiciária entravam na casa de uma amiga da família e num ambiente de perfeita tranquilidade revistaram e algemaram Pedro Dias, levando-o para as instalações da Polícia Judiciária na cidade da Guarda. Teve ainda tempo de fazer um telefonema para a sua mulher, mãe de um filho de 10 meses. Pedro Dias tem ainda outra filha de 10 anos. Entre hoje e amanhã deverá ser presente ao juiz de instrução criminal na comarca da Guarda. Momentos antes, aquele que era até ontem o homem mais procurado do país falou com o Diário de Coimbra, negando ter praticado os factos de que está acusado, explicando que apenas fugiu porque temia ser morto a tiro pela GNR e remetendo para o militar da GNR que sobreviveu mais esclarecimentos sobre tudo o que aconteceu naquela noite. O empresário agrícola, de 44 anos, deixou um recado em papel, há alguns dias, na casa de uma familiar, em Arouca. Sabia que uma pessoa que lhe é muito próxima costumava lá ir e foi assim que conseguiu comunicar. Nesse papel marcava a hora e o dia: terça-feira, dia 11, às 19 horas. A sua principal preocupação era garantir a sua segurança, até porque, como disse, sentiu-se “caçado” pela GNR desde o primeiro dia. Sem dizer o que aconteceu na fatídica madrugada de 11 de Outubro, Pedro Dias negou os factos – “o militar da GNR pode dizer o que se passou”, esclareceu – e disse que às 9 horas da manhã daquele dia ia a caminho de casa quando recebeu uma chamada de um militar da GNR dizendo que corria risco de vida. Pouco depois, diz, era recebido a tiro na Serra da Freita e a partir daí iniciou uma fuga que passou por comer frutos secos, ouvir alguma rádio, tomar banho nos rios (disse-nos mesmo que atravessou o Douro a nado) e abrigar-se em casas. “Desde o primeiro dia que disse à minha família que me queria entregar às autoridades. Mas, quando cheguei à Serra da Freita, fui recebido com uma salva de tiros de G3. Fui perseguido como um animal e chegaram a atirar a um metro de onde estava”, descreveu. Pedro Dias garante que sobreviveu pela “muita vontade de viver” e “amar” os filhos, “nem que seja enclausurado”. Durante os 28 dias de fuga, diz que comeu castanhas e nozes e tomou banhos em rios, tendo estado mesmo, em diversas ocasiões, “quase em estado de hipotermia”. “Mas obrigava-me a tomar banho para me manter são”, sublinhou. Cronologia Terça-feira 11 de Outubro A GNR é chamada a um possível assalto junto às Termas das Caldas da Cavaca, em Aguiar da Beira, e dois militares da GNR são surpreendidos alegadamente por Pedro Dias. Um deles, Carlos Caetano, é morto com um tiro e o colega é atingido na cabeça. Pouco depois, o homicida dispara à queima-roupa sobre um casal. O homem tem morte imediata enquanto a mulher está em coma no hospital. A GNR monta um certo ao suspeito, já em S. Pedro do Sul. Quarta-feira 12 de Outubro Ao final da tarde, a GNR suspende as buscas em S. Pedro do Sul. Quinta-feira 13 de Outubro Inspectores da Polícia Judiciária fazem buscas na casa dos pais de Pedro Dias, na vila de Arouca. A meio da tarde, a imprensa espanhola dá conta que o homicida poderá estar nas imediações de Salamanca. Domingo 16 de Outubro Populares referem que Pedro Dias volta a ser visto em Arouca, onde supostamente sequestra e espanca um homem e uma mulher, deixa-os amarrados e foge numa carrinha Opel Astra branca, roubada a uma das vítimas. A GNR tenta detê-lo já perto de Vila Real, mas ele volta a desaparecer. Segunda-feira 17 de Outubro O carro alegadamente roubado por Pedro Dias é encontrado em Vila Real. Terça-feira 18 de Outubro Um popular afirma ter visto o fugitivo na aldeia de Assento, em Vila Real. A GNR monta buscas na zona e ouve-se um tiro. Prosseguem operações nas aldeias vizinhas. Quarta-feira 19 de Outubro Autoridades intensificam as buscas em freguesias vizinhas ao local onde o carro roubado por Pedro Dias foi encontrado. Segunda-feira 24 de Outubro É comunicado às autoridades o furto de um jipe numa quinta perto de Sabrosa. A PJ desloca-se ao local. Quinta-feira 27 de Outubro As autoridades confirmam que Pedro Dias esteve numa quinta perto de Sabrosa, Vila Real. As impressões digitais já avaliadas pela Polícia Judiciária não deixam dúvidas. Domingo 6 de Novembro Um popular encontra um garrafão de água e uma lata no mato, em S. Martinho de Anta, concelho de Sabrosa, e avisa as autoridades para a possível passagem de Pedro Dias pelo local. Terça-feira 8 de Novembro Após 28 dias em fuga, Pedro Dias entrega-se aos inspectores da Polícia Judiciária, em Arouca.
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