Jornal defensor da valorização de Aveiro e da Região das Beiras
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Adriano Lucas (1925-2011)
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Adriano Callé Lucas

O dia que mudou o mundo, recordado por quem o viveu de perto


Domingo, 11 de Setembro de 2016
Isabelle Coelho Marques, Judite Pedro e Fernando Pinho são apenas três dos luso-descendentes que têm o dia 11 de Setembro de 2001 gravado a sangue nas suas memórias. Residentes há vários anos no estado de Nova Iorque, mas com raízes na região de Aveiro, todos aceitaram o desafio do Diário de Aveiro para, no dia em que se assinalam 15 anos do dia que mudou o mundo, recordar a forma como viveram esse dia que, inevitavelmente, mudou-lhes as vidas. Perante a força dos relatos, partilhados por email, a opção pelo discurso directo é consciente e tem como único objectivo transmitir estas memórias com os ritmos próprios de quem os deixa. Acreditamos que vão quase colocá-lo no local onde, naquele dia, perderam a vida cerca de 3.000 pessoas, entre as quais cinco portugueses – informação dada por Isabelle Coelho Marques que, à data, trabalhava no Consulado Geral de Portugal em Nova Iorque. É da actual presidente da New York Portuguese American Leadership Conference (NYPALC), o primeiro relato que lhe deixamos. O silêncio da marcha de milhares de pessoas “Já estava atrasada para o trabalho. Decidi apanhar um táxi na Grand Central Station em vez de fazer o percurso a pé, como fazia normalmente. Ao entrar no táxi, o taxista, um indiano, no seu inglês algo limitado, disse-me que um avião tinha batido contra o World Trade Center. Muito sinceramente não prestei grande atenção. Achei que havia alguma confusão da sua parte e segui no táxi caminho do meu escritório no Rockefeller Center. Quando cheguei ao meu gabinete, logo tomei conhecimento que, de facto, era verdade e que entretanto, um outro avião tinha embatido contra a outra torre. Pouco depois, foi pedido que o edifício fosse evacuado... pelas escadas. As pessoas desceram de uma forma calma e organizada. Ao chegaremos à rua - em plena ‘5th Avenue’, deparamo-nos com carros de polícia a pedirem às pessoas para saírem do centro da cidade. Todo o caminho que fiz (e os milhares de outras pessoas) desde a ‘5th Avenue’ até chegar a ‘West Side’ foi feito praticamente em silêncio. A certa altura houve alguém que disse que um dos edifícios tinha caído. Algumas pessoas choravam; outras, como eu, não acreditaram. Como seria possível? E, como não dava para ver absolutamente nada devido aos edifícios serem tão altos... No entanto, quando, finalmente, cheguei junto ao rio Hudson olhei para a baixa da cidade e só se via uma nuvem enorme de fumo. Escura. Milhares de pessoas estavam nessa zona junto ao rio a olharem, em estado de choque, para o que viam. Muitos choravam, mas recordo que as expressões eram mesmo de choque. Quando consegui boleia para sair da cidade em direcção à minha casa, recordo-me vivamente de olhar ao meu redor e ver outras pessoas dentro dos outros carros - que estavam em trânsito literalmente parado durante um trajecto de 44 quilómetros até minha casa - e ninguém falava. As pessoas estavam em estado de choque. Mas o que jamais esquecerei foi ver, durante todo o percurso ao sair da cidade, ambulâncias e carros de bombeiros, uns atrás de outros, parados no trânsito. Eram milhares a caminho para socorrer. Enquanto uns evacuavam a cidade, os heróis corriam para lá para ir socorrer as pessoas. É uma visão que jamais esquecerei”.
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